É notável uma hegemonia europeia ou estadunidense na forma de se pensar ou produzir design, que às vezes faz pouco ou nenhum sentido nas realidades dos povos periféricos ao impor seus métodos e modelos para hierarquizar e invisibilizar outros saberes e realidades. Esse fenômeno ocorre devido à herança colonial, embasada em cima de uma construção visual, que fixa nas mentes que o bom e o belo, quase sempre é externo. Ao estabelecer que a civilização ocidental seja a única detentora do discurso cultural global, este processo reproduz ideais que alimentam a desigualdade entre gêneros, etnias e orientações sexuais, e contribuem para o desconhecimento das histórias de outras heranças - no contexto nacional, indígena e negra - colocando essas outras culturas em um lugar folclórico e primitivo.

Um breve cruzamento entre o pensamento decolonial e o ensino do design já nos indica que o último apesar de se pretender neutro, é fruto de um pensamento eurocêntrico e por isso provinciano, levando ao restante de mundo uma hegemonia muito particular de um lugar específico, a realidade de apenas uma parte do mundo e se colocando como universal. E a consequência de se manter atrelado a um pensamento provinciano, é a limitação de seu alcance e leitura de problemas de outras realidades com outra demandas.

Logo, interessa endossar propostas que queiram ecoar a opção decolonial do ser e do saber, produzindo um conhecimento de design em espaços que legitimem epistemologias não hegemônicas, que criem identificação histórica e cultural, e ampliem a consciência decolonizada, emancipando desta forma a estética e usando linguagens diversas como forma de garantir visões diversas.